domingo, 24 de outubro de 2010


Tenho que tomar muito cuidado porque estou cercada de pessoas que querem me tornar aquilo que eu não sou.


Tenho capacidade de reaprender a vida se for preciso, mas que seja do meu jeito.


Não gosto de falar muito de mim, mas me sinto empurrada a fazer isso como forma de repensar meus últimos dias.


É uma maneira de reaver meus reais valores e de me lembrar quem eu realmente sou.


Eu amo a vida, sim, E U A M O A V I D A. Claro, que como todos os seres humanos, um dia eu pensei em desistir, eu ja pensei em me matar, mas no final eu vejo que não vale a pena. Amando a vida eu penso todo dia quando eu acordo que aquele pode ser o último, então me esforço pra fazer valer a pena.


E pensando na vida valer a pena a primeira coisa que faço é aquilo que eu gosto, aquilo que me da prazer. Eu trabalho no que gosto. Eu vivo cercada de pessoas que me fazem bem (eu me afasto das mal humoradas e das preconceituosas). Eu como o que eu gosto e visto o que me faz sentir-se bonita.


Pensando que hoje pode ser o último dia eu me preocupo em não magoar ninguém. Porque não gostaria de saber que depois de morta a última lembrança que alguém tem de mim é que a fiz sofrer. Eu me preocupo com as palavras e o jeito de dizer as coisas. Eu procuro o melhor momento e falo como eu gosto que falem comigo. Nem mesmo as pessoas que me dão motivos ou as que me provocam propositalmente me abalam no tratá-las.


Eu sou quem eu sou independente do que õs outros são.


Eu me compadeço dos que tem menos de mim e agradeço muito a Deus tudo que eu tenho, pra mim eu tenho mais do que eu preciso. Eu gosto muito das minhas coisas. Adoro meu apto, mas qdo meus amigos vão lá eu deixo a bagunça rolar solta, se estragarem alguma coisa, fazer o que. Eu tenho meu carro e gosto muito dele. Mas quem precisar eu empresto, já bateram ele em muitos lugares, mas isso não me tira a paz, é apenas um carro. Vale mais os momentos que tenho com as pessoas do que os bens materiais que possuo.


Eu adoro, simplismente adoro dançar. Ontem eu extravasei. Estava com saudades! Adoro dançar e por toda energia que tem dentro de mim pra fora. As vezes eu fico com vergonha como q grande maioria, mas ai logo eu me lembro da frase lá da minha sala: "dance como se ninguém estivesse olhando", e ai logo eu me solto, rs. Reparei que a maioria das pessoas que ficam olhando quem dança é porque não sabe dançar. Então, eu lá e danço. E danço do jeito que me da vontade. Eu escuto, deixo a música entrar em mim e meu corpo vai pra onde ele quiser.


Eu adoro velocidade, altura e tudo aquilo que dá medo. Adoro vencer meus próprios limites e dizer pra mim mesmo que quem manda aqui sou eu. Quando eu fico com medo de fazer alguma coisa, eu penso: O que eu faria se não tivesse medo? Ai eu vou lá e faço. Eu sempre quis ter uma tatoo, me falaram que doia muito, eu fui lá e fiz. Eu ja furei dois piercing. Eu ja pulei de para quedas, já cheguei a 180 no meu carro. Ja bebi de ficar muito louca. E ainda tenho muito sonhos pra realizar. Eu ainda vou tatuar um braço meu inteiro. Ainda vou chegar a 300 p/h num carro. Ainda vou escalar uma montanha. Mergulha no mar. Brincar na neve. Ah, e ainda vou comprar uma Harley e cruzar fronteiras pilotando.


Se você me perguntasse quais são meus planos para o futuro eu diria uns três talvez. O plano mais sério é adotar uma criança. Outro, como eu disse lá em cima, é comprar minha Harley. Mas eu não tenho planos de ter o mundo, ou o último carro que saiu, ou uma casa imensa. Eu não! Eu quero é pé no chão. Os amigos por perto. Cerveja gelada. Cantar. Dançar a noite inteira. Quero abraços apertados e beijos demorados. Quero ver a lua cheia. E ter sempre alguém pra amar.


Um dia tentaram me motivar com dinheiro. Não rola. Eu não faço nada por dinheiro. Eu penso que eu tenho que trabalhar bem e honestamente, o dinheiro, ah, ele é consequência. Eu não acordo um dia sequer pensando: "puts, eu preciso ganhar mais R$, eu preciso ter mais". Quer me motivar? Fale de coisas que me deêm prazer, isso me motiva.


Puts, agora eu queria falar o que eu penso sobre sucesso. Sucesso pra todo mundo é ser Diretor de uma grande empresa, ter um carro zero importado na garagem, morar num condomínio de luxo, almoçar um prato de comida que custe no mínimo R$ 200,00 e assim vai... Sucesso pra mim é ser feliz, é estar bem comigo mesmo. Portanto, para uns o sucesso é um casamento e filhos, para outros é ajudar as pessoas, para outros é trabalhar com paisagismo, para alguns poucos é ter coleções, para outros tocar numa banda. O sucesso é totalmente pessoal, vc tem o seu e eu tenho o meu. Eu não aceito, entenda bem, eu não aceito que outro me dite o que é meu sucesso. Isso é uma coisa que só eu sei o que é pra mim.


Só pra finalizar. Eu não preciso e não quero um cara rico e bonito. Eu quero alguém que eu ame. Como ele vai ser fisiscamente pouco me importa. E sim, eu vou namorar, ficar, transar, casar, terminar, sorrir, chorar, curtir, fugir, correr, saltar, pular, dançar, beijar quantas vezes eu quiser.


Afinal de contas, o que realmente importa é ser feliz!


Jackie Jackie


sábado, 16 de outubro de 2010


Eu não entendo como e por que de muitas coisas.


Tem coisa que a gente explica com contas exatas.


Tem outras que a gente explica com texto.


Mas tem muitas outras que não tem explicação.


A gente é isso: sem explicação.


Não existe um porque, não existe um por causa.


Eu quero você e você me quer. Isso basta.


Porque você sempre me acompanha em tudo.


Bebe comigo.


Dança comigo.


Ri comigo de tudo.


Porque só a gente é como a gente.


Porque ninguém aceita sair na louca.


Porque todo mundo tem o pé no chão.


Porque ninguém topa algo não combinado.


Porque a grande maioria é igual.


E a gente, ah! a gente adora ser diferente.


Talvez dure a vida toda e a gente envelheça juntos.


(Vc careca e barrigudo e eu uma coroa enxuta, rs)


Talvez acabe daqui a pouco.


O que importa é que cada momento a gente vai fazer valer.


E enquanto durar vai ser eterno.


Afinal de contas a vida não é marcada pela quantidade que respiramos.


Mas sim pelos momentos que perdemos o fôlego.


É como se eu me deparasse com um buraco negro que não vejo onde vai dar.


Alguém gritou: Decide logo, pula ou não pula?


Eu ja pulei amor e você?

sexta-feira, 1 de outubro de 2010


Eu sei, mas não devia.



Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.



A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.



A gente se acostuma a acordar de manhã sobressalto porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.



A gente se acostuma a abrir o jornal e ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.



A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.



A gente se acostuma a pagar por tudo que deseja e de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez paga mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.



A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.



A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, à não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.



A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.



A gente se acostuma para não ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.



Marina Colasanti