sexta-feira, 4 de março de 2011

" Me perco, me procuro e me acho.

E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar." Clarice Lispector



As coisas acontecem quando elas têm que acontecer. Através de minhas poucas experiências sinto que a Vida me direciona sempre para um caminho, como se uma coisa levasse a outra. Se eu tivesse assistido Comer, Rezar, Amar uns dias antes do dia que assisti o efeito teria sido outro. Li algumas críticas negativas sobre o filme, na boa, não entendo por que as pessoas ainda esperam que filmes sejam fiéis 100% à livros; pra mim as pessoas não viveram ainda (ou não viverão) o que a autora viveu e por isso não entendem muitas coisas. Me sinto muito feliz de perceber que em tão pouco tempo (28 aninhos) eu aprendi muito sobre a vida. Uma das coisas que aprendi é que sempre tenho muito o que aprender, nunca sou a dona da verdade absoluta, vezes acho que 2+2 é igual a 4 e por outras tantas eu dou a vida dizendo que 2+2 é igual a 5. Estar preparado para esse vai e vem, essas mudanças na vida me trazem um equilíbrio imenso e uma facilidade grande de não odiar ninguém e quando não estou preparada faço como Clarice: enlouqueço e deixo rolar. Desde os meus 11 anos de idade eu acredito em Deus, com meus 13 anos eu tive uma experiência que muito marcou minha vida ao ler o livro Conhecer Jesus é Tudo de Alejandro Bullon, simplismente comecei a ter um relacionamento com alguém que eu não via, mas que me fazia sentir muito bem. Vivi mais de dez anos numa religiosidade cega, porém em constante evolução, uma vez que sou bicho birrento e não me conformo em apenas seguir as regras que me ditam, fui atrás ano após ano de acreditar realmente naquilo que eu vivi e isso só me rendeu benefícios. Assisti filmes, li livros, reportagens e opiniões, visitei lugares, passei por experiências, conversei com pessoas que pensam diferente de mim e hoje me sinto muito feliz. Como a autora do livro fiz uma "viajem" a procura daquilo que não sabia que me faltava e hoje me sinto plena. Aos 16 anos, ainda religiosa me casei e como boa cristã me dediquei ao marido, aprendi as coisas de casa, mas não desisti da minha busca, existia algo a mais e eu estava disposta a encontrar. Fui mãe aos 20 anos, criei uma filha que não era minha por seis anos, uma experiência que me rendeu muito aprendizado e frutos que hoje colho com prazer. Mas, a minha viajem começou mesmo aos 25 anos, quando resolvi terminar meu casamento e me encontrar. Até então eu tinha vivido o que me diziam que era o correto, agora eu tinha sede de encontrar o meu correto e assim foi. Conheci pessoas muito diferentes, pessoas mais novas, pessoas mais velhas, pessoas que curtiam rock, pessoas que curtiam samba, pessoas que liam, pessoas que não estudavam, pessoas pacatas, pessoas ousadas, pessoas com muito recursos, pessoas sem nada. Descobri, depois dos meu 25 anos, o prazer de comer, hum (longo suspiro) e como isso é gostoso. Experimentei, sem medo, tudo que me veio a frente e que nunca tinha comido. Comida japonesa, árabe e várias saladas e carnes que nunca tinha tido coragem. Descobri o prazer de estar em casa sozinha, cozinhar algo que gosto e comer junto com um vinho ouvindo músicas que gosto. Descobri o prazer de sair a noite e caminhar por São Paulo, como se o mundo fosse meu e brindar a liberdade que tenho. A parte mais difícil foi me entregar ao amor, porque o medo de perder o equilíbrio ou as rédeas da minha vida era muito grande e com certeza o danado do amor me atrapalharia. Mas, não muito demorado pensei:"Oras bolas Jackie, se der tudo errado novamente é só começar mais uma vez. Não seria esse medo de se arriscar que me nos põe a perder muitos prazeres e alegrias na vida, que por me livre dos males também me impede de viver muitos bens?" E ai eu me joguei. Eu não procurei ninguém pra me completar ou pra me dar algo que eu precisasse. Eu simplismente estava andando num certo caminho, muito feliz por sinal, e ai, encontrei outro alguém no caminho, que seguia na mesma direção e ele disse:"que tal caminharmos junto" e eu respondi: "por que não?". Pode ser que em algum momento ele ou eu resolva mudar o caminho e o outro não queira mais acompanhar, pode ser que caminhemos juntos até o fim das nossas vidas, quem sabe? As pessoas mais interessantes chegam aos 40 anos sem saberem ao certo o que querem da vida. Equilíbrio. Um dia de cada vez. Respeito. Amor próprio. Música. Comidas. Família. Prazeres. Amigos. Tudo isso se chama vida. A vida não se tornou perfeita desde então, mas posso assegurar que sou feliz. Ainda me perco muito, ai me procuro e me acho. E quando necessário eu simplismente enlouqueço e deixo, literalmente, deixo rolar.Coma, Reze, Ame!
Jackie

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